Portuguese recovery money risks of drowning in another useless dam

The Portuguese government is planning to use EU Recovery cash for a dam that is not needed, and carrying severe environmental and social risks.

In a nutshell:

  • Recovery funding going to unnecessary dams
  • More pressure on already scarce water resources
  • Negative impacts on biodiversity and local communities

Details:

In the final version sent to the European Commission, €120 million of the Portugese Recovery and Resilience Plan will be spent for the construction of the Pisão Dam – also known as the Crato Multipurpose Hydroelectric Plant. However, there is no real need for additional water supply to populations in the North Alentejo region, while its construction bears many associated risks.

The dam will have significant environmental impacts. It will contribute to intensification of agricultural practices and water consumption, both of which are poorly regulated, thus adding more pressure on water resources already under stress due to climate change. The dam’s reservoir will also severely affect biodiversity, by destroying riparian habitats and cork oak forests, and it might as well affect a threatened species of steppe birds.

The construction of the dam will also have a negative impact on local communities. Contrary to what is advocated in the Recovery plan, it will likely not contribute to sustainable local employment, but rather increase precarious working conditions in the agriculture sector. Moreover, it will require the destruction of a village and the reallocation of its inhabitants, with real economical losses and, most importantly, the psychological damage associated with it.

The Pisão Dam is not the only dam that might be financed under the Recovery plan. The Portuguese government has also allocated €200 million of EU Recovery cash for an Algarve Regional Water Efficiency Plan, which might include several other dams currently under study. The draft plan does not specify which specific measures will be financed, but the risk is that more EU money will flow towards dams such as the Ribeira da Foupana in the Guadiana river, habitat to one of the last populations of saramugo, a critically endangered fish species endemic of the Iberian Peninsula.

Sources:

Portuguese Government, Portuguese Recovery and Resilience Plan – version for public consultation (February 2021)

Recovery and Resilience Plan doesn’t meet green transition targets and includes projects that should not be financed (March 2021)

Brussels wants dams, roads and bridges out of the RRP (March 2021)

 

Portugal arrisca-se a afogar dinheiro do fundo de recuperação em mais uma barragem inútil

O governo português está a planear utilizar o dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência numa barragem que não é necessária e que apresenta gravíssimos riscos ambientais e sociais.

Em poucas palavras:

  • Dinheiro precioso gasto numa barragem desnecessária
  • Ainda mais pressão sobre os já escassos recursos hídricos
  • Impactos negativos na biodiversidade e nas comunidades locais

Detalhes:

De acordo com o último projeto disponível, serão gastos 120 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência do Portugal na construção da Barragem do Pisão – também designado Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato, sem que exista uma necessidade real de abastecimento adicional de água às populações da região do Norte Alentejano.

A barragem terá impactes ambientais muito significativos, uma vez que contribuirá para a intensificação das práticas agrícolas e para o aumento do consumo de água, ambos mal regulamentados e fiscalizados, aumentando a pressão sobre os recursos hídricos já pressionados pelas alterações climáticas. A albufeira da barragem e o regadio que a mesma proporcionará irá também afetar gravemente a biodiversidade, destruindo habitats ribeirinhos e florestas de sobreiros, podendo igualmente afetar algumas espécies de aves estepárias.

A construção da barragem também terá um impacto muito negativo nas comunidades locais. Ao contrário do que é preconizado no Plano de Recuperação, a barragem não contribuirá para o emprego local sustentável, incrementado sim as condições a precariedade do trabalho no setor agrícola. Além disso, exigirá a destruição de uma aldeia e o realojamento dos seus habitantes, com perdas económicas reais e, principalmente, danos psicológicos associados à mudança.

A Barragem do Pisão não é a única que poderá ser financiada no âmbito do Plano de Recuperação. O governo português também alocou € 200 milhões de euros da UE para para um Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, que poderá vir a incluir várias outras barragens atualmente em estudo. O descritivo do projeto não especifica quais as medidas específicas que serão financiadas, mas existe o risco é que as verbas da UE ajudem a construir barragens como a Ribeira da Foupana, um afluente do Guadiana, habitat de uma das últimas populações de saramugo, um peixe endémico da Península Ibérica criticamente em perigo de extinção.

Fontes:

Portuguese Government, Portuguese Recovery and Resilience Plan – version for public consultation (February 2021)

Recovery and Resilience Plan doesn’t meet green transition targets and includes projects that should not be financed (March 2021)

Brussels wants dams, roads and bridges out of the RRP (March 2021)